Potências do cinema na educação

Enfoque

Esta comunicação discute algumas características, objetivos e efeitos do ensino e das práticas de vídeo e cinema em contextos de fragilidade social e, em alguns casos, não focados principalmente na formação profissional. Abordaremos três experiências importantes e distintas que acontecem na América Latina: o ensino de cinema nas escolas públicas do Rio de Janeiro, o projeto Vídeo nas Aldeias realizado em comunidades de povos indígenas localizadas no Brasil e o grupo Mujeres al Borde (Mulheres no Limite), formada por dissidentes do gênero e da sexualidade dominantes na Colômbia. Discutiremos o ensino nas escolas públicas com base em Migliorin e Pipano (2019) para quem “o que se dá para ensinar é um não sei o que de possibilidades” que sob o “risco” do encontro democrático deveria instigar nos alunos o desejo de filmar “o que queima”. O Vídeo nas Aldeias, projeto fundado pelo documentarista Vincent Carelli, tem como objetivo compartilhar conhecimentos técnicos e divulgar filmes realizados por cineastas indígenas que tragam uma perspectiva interna sobre suas comunidades, em práticas de autoetnografia no documentário que são discutidas por Araújo ( 2015). O grupo Mujeres al Borde, que visa abrir um espaço inclusivo através de estratégias de intervenção na realidade social, utiliza os vídeos para registrar memórias, fazer reclamações e modificar a baixa representação dos corpos na Colômbia (Cabrera, 2016).